Foi na manhã do dia 02 de abril de 2008, após uma noite de chuva intensa, que a barragem de Santa Cruz transbordou pela segunda vez. A expectativa de várias semanas era, assim, superada sob o olhar de dezenas de curiosos que aguardavam ansiosos ao pé da parede do reservatório.
A alegria foi geral e cada vez chegavam mais pessoas para ver a água rolando no paredão em abundância. A última vez em que tinham visto tanta fartura tinha sido há quatro anos atrás, em 2004.
Entretanto, o que era motivo de alegria para uns, se tornava momentos de preocupação para outros. Com a forte sangria da barragem, as águas dos rios Apodi e Umari aumentaram e deixaram várias comunidades ilhadas e residências alagadas.
Era água por todos os lados, pessoas pedindo socorro, pontes sendo derrubadas, animais mortos e plantações destruídas. Apesar das previsões de um inverno rigoroso, ninguém acreditava que poderia acontecer algo tão devastador.
A Defesa Civil do município logo entrou em ação. Na época, o prefeito José Pinheiro Bezerra e o secretário de Obras do município, Keiber Roberto, viajaram à Brasília para pedir ajuda.
Enquanto isso, as famílias em situação mais crítica eram retiradas de suas casas e abrigadas em escolas e ginásios. Em áreas mais distantes, como a região da Pedra que ficou isolada, um helicóptero do Governo do Estado fazia o monitoramento e distribuía cestas básicas.
Foram quase dois meses de muito trabalho e atenção por parte das autoridades. Aos poucos, a sangria da barragem baixava e as famílias retornavam para suas casas. Iam começar de novo. Buscar recuperar o que foi perdido.
As águas da barragem de Santa Cruz não afetaram somente Apodi, mas também provocou estragos em Felipe Guerra, Governador Dix-sept Rosado e invadiu casas da periferia de Mossoró.
Desde essa data, o segundo maior reservatório do Estado jamais mais transbordou tão alto. Houve sangria em 2009, mas não provocou tantos estragos quanto em 2008.
A barragem de Santa Cruz foi inaugurada em março de 2002 pelo governador do Estado Garibaldi Alves Filho e pelo presidente da República Fernando Henrique Cardoso. A obra custou R$ 120 milhões aos cofres públicos.
No seu projeto, a previsão para a primeira sangria era somente no ano de 2010. Atualmente, a barragem está apenas com um quarto de sua capacidade hídrica.
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